o mundo vive a era da tecnologia. há quem diga que, na verdade, ele sobrevive. é notório o estreitamento das relações pessoais por causa dos meios de comunicação. embora, acompanhado dele venha a liquidez dos relacionamentos.
ferramentas como a internet e os aparelhos celulares são febre no mundo inteiro e passam a ser, para a maioria dos usuários, uma necessidade. é claro que todas essas inovações contribuem e muito para o desenvolvimento global. os celulares, por exemplo, conectam pessoas e empresas, ultrapassando qualquer barreira de tempo e espaço. a informação é rápida e insere o indivíduo no contexto mundial.
essa explosão de tecnologia e informação trouxe a sede incansável pelas suas ferramentas. o que não se tem levado em conta são as consequências negativas que tudo isso traz.
estar próximo ou distante ficou muito confuso. a aproximação virtual fez as pessoas se distanciarem, afetuosamente falando. a praticidade da conexão das redes sociais da internet e das chamadas celulares entorpecem os indivíduos quanto à necessidade atual do ser humano: se humanizar.
a tecnologia e as relações pessoais sólidas bem que poderiam andar juntas.
é como se meus olhos pudessem ver os territórios da minha alma sendo invadidos pela dor.
sinto dores que há muito não sentia. daquelas que ameaçam o orgulho, a verdade e o plano. dores que desmantelam a lógica, o tempo e a regra.
eu que ergui muros altos, que cerquei de cuidados os limites encantados da emoção. eu que conheço os danos da invasão, o drama e o estrago da rendição.. eu que sou forte, sinto dores. eu que calei o coro dos valentes, silencio diante do sussurro das dores.
eu que inventei a analgia, sinto. eu que entreguei os remédios em troca de vacina, experimento a sina de quem inevitavelmente sente.
sinto dores.
e sentindo entendi que nessa vida não há beleza livre da dor. não há sentido inviolável, nem sentimento invariável. é sentindo que se lembra que é com dores o nascimento, com dores o crescimento. é com dores que se ganha e que se perde. é com dores que se paga. é com dores que se espera.
dor é a herança confusa de quem ainda vive essa vida pequena. é o sintoma da doença. é a sentença da escolha. é algoz e é vigia. em vez de atestar a ausência do bem, é a prova do efeito do mal. sem dor não haveria salvação.